Bicho Geografico
BICHO GEOGRÁFICO :: LARVA MIGRANS
BICHO GEOGRÁFICO :: LARVA MIGRANS
A Larva Migrans Cutânea ou "Creeping Eruption", descrita pela primeira vez em 1874, é uma dermatose ubiquitária e auto-limitada originada pela infestação por larvas de nemátodes que penetram e migram através da pele.
A Larva Migrans Cutânea (LMC) é também chamada de bicho de praia, bicho geográfico e larva serpiginosa, pelas lesões cutâneas causadas, que se parecem com um mapa e com rastro de serpente. É uma zoonose provocada por parasitas que causam essa dermatose, tendo como hospedeiro definitivo destes helmintos não é o homem, e sim animais domésticos.
As espécies mais comuns causadoras de tais parasitoses cutâneas são o Ancylostoma brasiliense e o Ancylostoma caninum, parasitas de gatos e cães, respectivamente. Estes parasitas são geohelmintos encontrados em regiões tropicais. Os parasitas adultos vivem no aparelho digestório de tais animais e ovipõe no intestino delgado. Os ovos são eliminados nas fezes do animal, que normalmente ficam em locais de acesso público, como praias, pracinhas e varandas, locais de clima, umidade e temperatura favoráveis à evolução do parasita, tornando-se, em aproximadamente sete dias, larvas infestantes. O homem torna-se hospedeiro de forma acidental, quando este entra em contato com as larvas infectantes que penetram em sua pele através de folículos pilosos, glândulas sudoríparas, fissuras cutâneas ou através da pele intacta, sendo os pés, as pernas e as mãos são os locais mais afetados. No ser humano as larvas não são capazes de completar seu ciclo vital, por ser um parasita de animais, e morrem algumas semanas depois da infestação, permanecendo entre a epiderme e a derme.
A maioria dos casos diagnosticados referem-se a turistas que visitaram praias, cujo diagnóstico clínico é baseado na anamnese (história de viagem à zona endêmica) e no exame clínico. O diagnóstico diferencial é com lesões lineares ou serpiginosas que são o Granuloma Anular, Poroqueratose de Mibelli e o Eritema Anular Centrifugum que podem mimetizar a larva migrans cutânea. O diagnóstico diferencial é, na maioria das vezes, possível pela história clínica, sintomatologia e aspecto morfológico das lesões.
Alguns exames auxiliares de diagnóstico podem ser utilizados nos casos atípicos ou nas lesões modificadas por fármacos. A microscopia de epiluminiscência permite, por vezes, a identificação da larva no seu trajecto. A biópsia cutânea só raramente é necessária e as alterações anatomopatológicas -
dermatite espongiforme com vesículas contendo neutrófilos e eosinófilos não são específicas desta condição nem permitem o diagnóstico definitivo. A visualização de partes da larva no produto
de biópsia é raramente conseguida pelo fato de a lesão eritematosa não traduzir a posição exata do agente mas uma reação inflamatória de hipersensibilidade retardada.
TRATAMENTO LARVA MIGRANS / TRATAMENTO BICHO GEOGRÁFICO:
O tratamento é feito através de meios físicos, fármacos por via sistêmica (Tiabendazol, Albendazol e Ivermectina) e tópica (Tiabendazol).
A crioterapia não está atualmente recomendada para uso pediátrico por ser muito dolorosa e associada a taxas de recidiva relativamente altas.
O tratamento tópico está indicado nas situações autolimitadas, com Tiabendazol creme a 15% aplicado 2 vezes ao dia durante 3 a 5 dias. O tratamento sistêmico é possível através de diversos fármacos. O Tiabendazol(25 a 50 mg/Kg/dia durante 2 a 4 dias) é eficaz mas associado a muitos efeitos laterais como náuseas, vômitos, dor abdominal, anorexia, cefaleias e vertigens.
O Albendazol, anti-helmíntico heterocíclico de terceira geração, é o fármaco mais utilizado em doses de 400 mg/dia durante 3 dias. Alguns autorespreconizam tratamentos mais prolongados de 5 a 7 dias para evitar recidivas. Os efeitos laterais são mínimos e
auto-limitados, habitualmente ocorrem apenas em tratamentos prolongados e consistem em queixas digestivas, febre, elevação transitória das transaminases e alopécia reversível. Não está recomendada a sua utilização em grávidas pois foi constatado ser teratogênico e embriotóxico em ratos e coelhos.
A Ivermectina ( 200 mg/Kg em toma única) é uma recente proposta terapêutica com bons resultados e raros efeitos laterais.
A infecção secundária deve ser tratada com antibióticos. O prurido regride em cerca de 48 horas com o tratamento anti-helmíntico, não sendo necessário a utilização de anti-histamínicos sistêmicos.
BIBLIOGRAFIA:
MACUGLIA, Carla Nunes; SILVA, Silvana Andreia¹; SPEROTTO, Rita Leal:
LARVA Migrans CUTÂNEA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Ferreira C , Machado S , Selores M: Larva migrans cutânea em idade pediátrica: a propósito de um caso clínico: NASCER E CRESCER revista do hospital de crianças maria pia ano 2003, vol. XII, n.º 4
IMPORTANTE:
Procure o seu dermatologista para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.



